domingo, 3 de abril de 2011

Aquarela - Toquinho e Vinícius de Moraes



Numa folha qualquer

Eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas

É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno

Da mão e me dou uma luva

E se faço chover

Com dois riscos

Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta

Cai num pedacinho Azul do papel

Num instante imagino

Uma linda gaivota

A voar no céu...

Vai voando Contornando a imensa

Curva Norte e Sul Vou com ela

Viajando Havaí Pequim ou Istambul Pinto um barco a vela

Brando navegando

É tanto céu e mar

Num beijo azul...

Entre as nuvens

Vem surgindo um lindo Avião rosa e grená

Tudo em volta colorindo

Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está

Partindo, sereno e lindo

Se a gente quiser

Ele vai pousar...

Numa folha qualquer

Eu desenho um navio

De partida

Com alguns bons amigos

Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra

Eu consigo passar num segundo

Giro um simples compasso

E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha

E caminhando chega no muro

E ali logo em frente

A esperar pela gente

O futuro está...

E o futuro é uma astronave

Que tentamos pilotar

Não tem tempo, nem piedade

Nem tem hora de chegar

Sem pedir licença

Muda a nossa vida

E depois convida

A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe

Conhecer ou ver o que virá

O fim dela ninguém sabe

Bem ao certo onde vai dar

Vamos todos

Numa linda passarela

De uma aquarela

Que um dia enfim Descolorirá...

Numa folha qualquer

Eu desenho um sol amarelo (Que descolorirá!)

E com cinco ou seis retas

É fácil fazer um castelo (Que descolorirá!)

Giro um simples compasso

Num círculo eu faço O mundo (Que descolorirá!)

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