domingo, 24 de outubro de 2010

Afinidade...


Não é o mais brilhante,
mas é o mais sútil, delicado e penetrante dos sentimentos.
Não importa o tempo, a ausência, os adiantamentos, a distância, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo,
a conversa, o afeto, no exato ponto de onde foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediante a vida.
É a vitória do subjetivo sobre o objetivo,
do permanente sobre o passageiro.

Ter afinidade é muito raro,
mas quando ela existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Ela existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece até
depois que as pessoas deixam de estar juntas.

Afinidade é ficar, ainda que longe, pensando parecido a respeito dos mesmos fatos
que impressionam, comovem e sensibilizam.

Afinidade é receber o que vem de dentro com uma aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com…
Nem sentir contra, nem sentir para…
Sentir com e não ter necessidade de explicação do que está sentindo.
É olhar e perceber.

Afinidade é um sentimento singular, discreto e independente.
Pode existir a quilômetros de distância,
mas é percebido na maneira de falar,
de escrever, de andar, de respirar, de sorrir…

Afinidade é retomar a relação no tempo em que parou.
Porque o tempo e a separação nunca existiram.
Foi apenas a oportunidade dada pelo tempo para que a maturação pudesse ocorrer
e que cada pessoa pudesse crescer cada vez mais.

Quem sabe...

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